Um engenheiro de plataforma é responsável por projetar, construir e manter uma Plataforma Interna de Desenvolvimento (IDP - Internal Developer Platform), que simplifica o processo de desenvolvimento de software, permitindo que os desenvolvedores criem e implantem aplicações de forma mais rápida e eficiente. Esses profissionais criam as bases, integram ferramentas essenciais e otimizam fluxos de trabalho para reduzir a complexidade e permitir a autoatendimento dos desenvolvedores.
Embora semelhante a outras funções como DevOps, o Engenheiro de Plataforma se diferencia ao focar na construção
de ferramentas e processos robustos que atendem à crescente complexidade das infraestruturas modernas, especialmente em ambientes de computação na nuvem e virtualizados. Com a necessidade crescente de otimizar sistemas sofisticados, o papel do engenheiro de plataforma surgiu para preencher a lacuna entre a rapidez desejada pelos desenvolvedores, a estabilidade da Operação e o tempo ideal de resposta para eventos de Segurança.
Historicamente podemos entender que no final dos anos 90 e início dos anos 2000, o trabalho de desenvolvimento dependia de administradores de sistemas (SysAdmins), que atuavam como “gate keepers” e representavam um ponto único de falha, um gargalo para o time de TI e a empresa. Isso resultava em processos ineficientes e na frustração de ambas as partes.
Com o surgimento da computação em nuvem, liderado pela AWS em meados de 2006, e a popularização do DevOps, o cenário mudou. A promessa do DevOps: “Você constrói, você opera”, trouxe avanços em escalabilidade e operabilidade, mas também adicionou complexidade na entrega dos sistemas.
Os desenvolvedores tiveram de aprender a lidar com diversas ferramentas, como Helm charts e módulos Terraform, para implementar uma simples mudança de código em um ambiente de múltiplos clusters. Esse nível de complexidade mostrou que a divisão tradicional de trabalho entre operações e desenvolvimento não era suficiente, e o modelo de DevOps puro nem sempre é viável fora de gigantes como Google e Amazon.
Aqui entra o Engenheiro de Plataforma: ao projetar fluxos de trabalho padronizados e automatizados, “Golden Paths”, ele reduz a carga cognitiva sobre os desenvolvedores, permitindo-lhes focar em escrever código, enquanto a operação permanece estruturada e confiável.
Embora as responsabilidades possam variar entre organizações, algumas tarefas comuns incluem:
☞ Provisionar infraestruturas, incluindo servidores, redes, armazenamento e nuvem
☞ Desenvolver scripts de automação e ferramentas para gerenciar a infraestrutura
☞ Construir pipelines de CI/CD, incluindo fluxos de trabalho, teste e implantação
☞ Monitorar desempenho do sistema, focando em segurança, confiabilidade e eficiência
☞ Integrar políticas de segurança e conformidade (como criptografia e controle de acesso)
☞ Documentar configurações e processos, garantindo clareza entre equipes
☞ Colaborar com desenvolvedores e partes interessadas para atender às suas necessidades
☞ Pesquisar novas tecnologias para continuar melhorando a plataforma
Um engenheiro de plataforma vai além de habilidades técnicas, por exemplo:
☞ Abordagem centrada no produto: trata a plataforma como um produto, não apenas como parte de um processo, melhorando-a com base no feedback dos usuários e medindo o progresso com métricas claras, como na adoção de novos produtos, soluções e até mesmo uma nova plataforma.
☞ Habilidades de comunicação: facilita a colaboração entre desenvolvedores, operações e outras partes interessadas, traduzindo requisitos técnicos em soluções práticas.
☞ Capacidade de evangelizar: entende e promove os benefícios da plataforma para desenvolvedores e líderes, reforçando seu valor estratégico.
A automação é fundamental para a Engenharia de Plataforma. Automatizar tarefas rotineiras, como provisionamento e controle de acesso, cria fluxos de trabalho consistentes e acessíveis para toda a organização. Isso elimina gargalos, aumenta a eficiência e promove um ambiente mais colaborativo e produtivo.
A engenharia de plataforma se tornou um elemento-chave nas organizações modernas, oferecendo um equilíbrio entre velocidade e confiabilidade em sistemas cada vez mais complexos.
Se você é um Engenheiro de Plataforma, um DevOps buscando se especializar, ou um Gestor à procura de profissionais deste tipo, é essencial entender as habilidades e a mentalidade que definem esse papel.
Para um Engenheiro de Plataforma, é fundamental:
Compreensão Profunda: Ter domínio sobre automação, pipelines CI/CD, infraestrutura como código (IaC), ferramentas de observabilidade, Network, Storage e Sistemas Operacionais.
Visão Sistêmica: Enxergar além da operação, pensando sempre em escalabilidade, confiabilidade e facilidade de uso para os times de desenvolvimento.
Habilidades Colaborativas: Saber trabalhar em parceria com diferentes times, traduzindo desafios técnicos em soluções práticas que aumentem a produtividade e reduzam fricções. Eu pessoalmente sou adepto do princípio Kiss
Para quem está contratando: Procure por profissionais com experiência técnica, tempo de estrada, mas também com habilidades interpessoais e a capacidade de liderar iniciativas estratégicas. Um bom Engenheiro de Plataforma não apenas resolve problemas técnicos, mas também promove uma cultura de melhoria contínua e capacitação.
O papel do Engenheiro de Plataforma é, acima de tudo, garantir que o ecossistema tecnológico seja eficiente, estável e preparado para o crescimento futuro. Com o profissional certo na equipe, sua organização estará mais bem equipada para enfrentar os desafios tecnológicos e de negócios.